terça-feira, 12 de junho de 2012

Castlevania: Symphony of the Night – um dos maiores clássicos do PlayStation






muito tempo atrás, na época dos 8 Bits, a Konami em seus primórdios lançava vários títulos para o sistema MSX (antes de migrar para o NES) e muitos de seus títulos famosos estrearam nessa plataforma, como Metal Gear, Contra (outra série responsável pelo seu sucesso) e claro, Castlevania

Já naquela época a Konami era referência para games de boa qualidade. Com o Castlevania para MSX (com o nome de Vampire Killer), ela conseguiu seu grande trunfo, conseguindo estabelecer sua reconhecida fama. Não posso deixar de mencionar que foi nesse jogo que Michiru Yamane (compositora das músicas dos games da série) mostrou seu talento como compositora, criando músicas que seriam obras-primas desde o primeiro momento em que se ouve, como a famosa “Vampire Killer”, que se tornaria um clássico na série.

Desde então a série ganhou vários títulos e passou pelos mais diversos consoles, recebeu no ocidente o nome de “Castlevania” pegaram a palavra Castle (castelo) e Vania (de Transilvânia, onde segundo as lendas ficava o castelo de Drácula) e Castlevania surgiu.  Symphony of the Night

Mesmo após 10 anos depois de seu lançamento, Symphony of the Night ainda é considerado por muitos como o melhor jogo da série de todos os tempos (sem dizer um dos melhores do Playstation). Nem mesmo com a sua entrada para os games 3D, com os desastrosos jogos para Nintendo 64, conseguiu fazer que os fãs mudassem de idéia. O que mais se aproximou da qualidade de SOTN foi o “Aria of Sorrow”, para GBA, que é praticamente um sequência da grande obra-prima da Konami.



SOTN (no Japão conhecido como Akumajo Dracula X – Gekka no Yasokyoku, que significa “Noturno ao Luar”) marcou uma geração de jogadores da era PS. Lançado em 1997, o game era a perfeição divina que todo gamemaníaco gostaria de jogar. Apresentava visuais fantásticos e ornamentados, retratando a beleza gótica com gráficos fantásticos de uma forma nunca vista antes na série ou em qualquer outro game. E aliado a isso, ainda contava com uma soberba trilha sonora de cair o queixo, jogabilidade animalesca, a trama com muitos mistérios a serem descobertos e uma inovação e tanto na série, que desde então seguia basicamente o mesmo estilo de plataforma que foi criado desde a época do MSX, mudando agora mais para o estilo rpg/ação. SOTN foi uma revolução para a série apesar de ainda usar o saudoso estilo 2D e plataforma, numa época em que o 3D começava a dominar o mercado de videogame. Uma ousadia e tanto que só a Konami poderia levar adiante, e não deu outro: SOTN virou sucesso absoluto e foi um dos maiores hits da empresa.

A História
A primeira coisa que SOTN inovou nesse game é que desta vez não controlamos mais um personagem da família Belmont ou qualquer outro caça-vampiros. Desta vez quem entra em cena é o próprio filho de Dracula, Alucard (apesar da Konami ter lançado para o velho Game Boy um Castlevania em que se podia jogar com um Alucard criança – mas esse game não tem cronologia no mundo de Castlevania e na sua série de jogos). Tudo começou há quatro anos atrás, quando então Richter Belmont, o último membro do clã dos caçadores de vampiros, travava sua última batalha com o empalador Conde Vlad Tepes, mais conhecido como Dracula, para salvar sua noiva, Annet Renard e sua pequena cunhada,

Maria Renard
, que haviam sido sequestradas pelo dentuço sanguinário, que ressuscita de cem em cem anos, trazendo consigo todo o seu reino de destruição e terror (todos esses eventos são mostrados no excelente Dracula X – Rondo of Blood, do PC-Engine – não confundir com o remake piorado para Super Nes).

SOTN começa desse ponto, com Richter enfrentando Dracula em seu castelo (que é a última fase do Dracula X Rondo of Blood para PCE). Esse é apenas um préludio para te preparar para a verdadeira história do jogo. Ficamos sabendo que após 4 anos depois da batalha de Richter com Dracula, o caçador de vampiros desaparece, em 1792 e o castelo de Dracula reaparece. Annet, sua esposa e a mesma que já estivera nas garras de Dracula, começa a se preocupar com o repentino desaparecimento. Sua irmã mais nova, Maria, valendo-se de seus poderes sobre os animais e a natureza, decide então retornar novamente ao castelo de Conde Dracula, seguindo rumores que Richter estaria lá. É quando ela conhece um homem estranho e misterioso, de pele pálida e longos cabelos platinados. Ele dizia estar em uma missão: a de destruir a ameaça que se aproximava da humanidade. E sem saber, Maria se apaixona pelo filho de Dracula, Alucard, que certa vez já lutara ao lado dos Belmont para banir seu pai (no Castlevania 3 para Nintendinho).

Alucard, que acreditava ter destruído seu pai de uma vez por todas com a ajuda de Trevor, Sypha e Grant (todos personagens do Castlevania III para Nes), portanto acabando assim com a sua raça maldita, da qual ele pensava ser o último sobrevivente, colocou-se a hibernar em um sono eterno (o final de Castlevania III). No entanto, Alucard voltou a acordar devido a uma alteração de equilíbrio entre as forças do bem e do mal, causadas pelo conjurador Shaft (que apareceu em Dracula X e que pelo jeito sobreviveu).

Alucard, cujo nome verdadeiro é Adrian Fahrenheit Tepes, é filho de Dracula com uma humana (portanto um dampiro – meio humano, meio vampiro). Graças a sua mãe, Alucard aprendeu a ser uma pessoa boa e condena as ações de seu pai, querendo destrui-lo. Como a história do jogo se desenvolve a partir de Alucard, acabamos descobrindo um pouco de seu passado e de Dracula. Seu pai, apesar de vampiro, era também bondoso e apaixonado por uma humana, Lisa, que deu a luz a Alucard. Ela era médica, mas um dia foi acusada de bruxaria e acabou sendo crucificada e queimada viva. Suas últimas palavras para Alucard é que fosse misericordioso com os humanos e não os odiasse. Porém Drácula não aceitou essa idéia e desenvolveu um ódio gigantesco pelos humanos (essa história é bem parecida com a história do livro Bram Stoker, no qual a série Castlevania foi obviamente inspirada).

Assim, tanto Alucard como Maria, lutam, cada um a seu modo, dentro do castelo de Dracula, até chegarem à terrivel conclusão de que o responsável pelo ressuscitamento de Dracula não era outro senão o próprio Richter Belmont, que se auto-proclamou o senhor do castelo. Entre os seus motivos estava a idéia da incapacidade de conceber que seu destino fora selado ao vencer Dracula, e que então todos os Belmont estariam fadados a morrer passando por uma vida normal, mesmo após séculos de treinamento e preparação. Ou seja, ele planejava trazer Dracula de volta pois estava com tédio da sua vida pacata de homem casado, e sentia falta das emoções e adrenalinas de ser um caçador de vampiros, desse modo ele passaria a travar uma luta eterna contra o seu arqui-inimigo, não terminando sua vida como um mero mortal. Entretanto, por trás disso tudo estava Shaft, o conjurador que usava Richter como fachada para seu terrível plano de trazer novamente o seu senhor.

Gráficos
SOTN possui gráficos belíssimos, provando que um jogo para ter sucesso não precisa ser em 3D, como a maioria dos jogos da época (e atuais). Os cenários de fundos estão mais detalhados do que nunca e possuem uma beleza suprema, todos compostos de sprites 2D maravilhosamente ilustrados, muito detalhados e coloridos com tons sombrios. Vários efeitos de luz, scrolling e profundidade são usados de formas maravilhosas, como os efeitos usados nas magias e ataques dos inimigos, é tudo muito bem feito. A Konami fez um excelente trabalho de pesquisa ao fazer a ambientação medieval em que se passa o game, durante o século XVIII, com os cenários, as roupas dos personagens e as músicas góticas que te remetem imediatamente ao jogo e à epoca.

O jogo possui fases muito mais longas que os anteriores, com vários labirintos e quebra-cabeças para se resolver pelo caminho. Os elementos de RPG estão presentes, pois Alucard precisará subir de level para ficar mais forte e encontrar objetos importantes durante o jogo. Alucard passará por vários ambientes dentro do castelo como a biblioteca, a galeria de arte, as catacumbas, a capela, o coliseum e os jardins do lado de fora do castelo. Cada ambiente é ricamente detalhado e a sua presença no jogo se encaixa perfeitamente com o visual e a história do jogo, deixando o game ainda mais cativante.
O Alucard está muito bem desenhado, graças ao trabalho da desenhista Ayami Kojima, que tem feito um trabalho genial com a séria, e em SOTN é um show a parte. Os personagens e inimigos estão perfeitos com uma excelente animação, como quando Alucard anda e deixa para trás uma sombra, um efeito muito bonito e impressionante para a época, sem falar da mistura de objetos poligonais e efeitos 3D e profundidade nos detalhados cenários de fundo em 2D, como a o visual incrivel na batalha de Richter contra Dracula no começo do jogo ou de quando Alucard encontra a Morte. O efeito de Alucard quando morre, virando sangue no ar também é sensacional. São detalhes como esses que fazem desse jogo uma obra-prima.

Os inimigos são bem variados, com todos os tipos de zombies e monstros imagináveis, mas quem rouba as cenas mesmo são os chefes, que estão em uma quantidade brutal se comparada aos jogos anteriores. Muito deles já clássicos da série, como a Medusa, a Morte, o Minotauro, a Múmia, o Gárgula, o Lobisomen, entre outros, todos horripilantes e prontos para lhe arrancar a cabeça. Além disso possui chefes novos, como a Scylla e o Grifo (ambos seres mitólogicos), além de apresentar as versões zombies de Trevor Belmont, Grant Danust e Syfa Velnades, todos personagens de Castlevania 3 e Galamoth, o boss final do jogo paródia de Castlevania: “Boku wa Dracula-kun” ou “Kid Dracula” (no qual jogamos com um Alucard criança para Game Boy). Alguns chefes possuem um visual bem impressionante e ocupam boa parte da tela.

Músicas
Todos os jogos da série possuem boas trilhas sonoras, mas SOTN extrapolou, é simplesmente algo de outro mundo. Michiru Yamane se superou com esse game criando verdadeiras obras primas orquestradas com composições mais góticas do que em qualquer outro jogo da série. A música é bem variada e certamente você não vai cansar de escuta-las, todas retratando o século XVIII com perfeição. Para isso foi usado violinos, órgãos, pianos, violoncelos e vocais tipo igreja.
Todas elas são de um extremo bom gosto, algumas são sinistras, outras lentas e clássicas, para quem gosta das tecnos e dance, não se preocupem, vocês não foram esquecidos, e claro, o bom e velho rock´n roll aparece aqui para empolgar a todos, como a música do início da luta de Richter contra Dracula (a mesma de Rondo of Blood), encaixando-se perfeitamente no contexto e nas fases do jogo. Poderemos ouvir temas clássicos como o tema de Castlevania 3 e 4, o tema de Dracula X, entre outras, mas infelizmente grandes clássicos como Vampire Killer, Bloody Tears, e Beginning não se encontram (somente na versão para Saturn). Uma das poucas queixas que eu ouvi foi com a música do final, “I´m the Wind”, que é cantada e não se encaixa direito com o restante das músicas góticas. Talvez um rock melódico ficasse melhor, mas não é por isso que ela deixa de ser bela também. Algumas músicas poderiam até fazer parte de filmes de suspense/terror, algumas contam com coros de vozes, outras com sons de vozes de lamentações, sons de morcegos, água pingando e por aí vaí, tudo para aumentar o suspense no jogo.

Além das músicas temos os efeitos sonoros, que também estão perfeitos. Poderemos escutar os gritos de Alucard, os gritos e urros dos monstros e dos inimigos quando morrem. O som das magias e armas também está muito bom, tudo muito bem feito e de ótima qualidade.
Temos também as vozes dos personagens, que estão excelentes (se você estiver jogando a versão japonesa) cada personagem sendo muito bem interpretado com a entonação de voz perfeita criando o clima ideal, como é o caso de Dracula, que possui uma voz poderosa, que o personagem necessita. As conversas entre os personagens está nítida e perfeita. Porém, se você estiver jogando a versão americana, poderá se decepcionar com a dublagem, que está muito fraca e muito mal interpretada. Além disso alguns diálogos foram cortados da versão japonesa, como a narração do ínico do jogo e uma das músicas cantadas pelas fadas.

Jogabilidade
Uma das razões pelo sucesso de SOTN talvez seja a miscigenação de gêneros. Como já dito, apesar de continuar o famoso estilo plataforma, SOTN reúne elementos consagrados de outros estilos, como os já citados elementos de RPG, além de traços de games de luta e tantos outros. Ou seja, apenas o melhor dos melhores. Dos RPGs podemos encontrar as mudanças de status, como o Poison, Stone e Curse. Os atributos como HP, MP, Força, Inteligência, Experiência, entre outros, que vão aumentando a medida que você vai ganhando level. Isso sem falar das toneladas de itens e acessórios, que valoriza muito o quesito exploração, instigando o jogador a explorar todos os cantos do castelo procurando passagens secretas e matando todos os inimigos. Isso torna o jogo bem interessante e pouco enjoativo, fazendo que os jogadores voltem a jogá-lo mesmo depois de terminado. O jogo pode lembrar mais um outro clássico da Nintendo, o Metroid, do que um jogo da série Castlevania.
E tudo isso não adiantaria nada se o controle sobre o Alucard não fosse perfeito. E felizmente, como o resto do jogo, a jogabilidade é perfeita e eficiente, todos os comandos respondem muito bem. Não existem fases, mas zonas do castelo, que por vezes se encontram bloqueadas, sendo necessário certo item para abri-las e continuar em frente. A ação de SOTN não é nada linear e você poderá percorrer as zonas do castelo na ordem que desejar. Você encontrará pelo caminho lugares para salvar sua posição no jogo e que também restauram sua energia.
Enquanto você explora as longas fases, Maria aparecerá algumas vezes para lhe dar dicas importantes e até uma ajuda de vez em quando. Na versão para Saturn, além de Alucard e Richter, Maria também é selecionável para se jogar.
Além da possibilidade de usar diversas armas espalhadas pelo jogo, Alucard também poderá fazer uso de magias através de combinações de botões tal qual usados em jogos de luta. Isso, além de adicionar mais diversão e desafio ao game, trás também um “sangue novo” ao bom e velho estilo plataforma.
A dificuldade do game não está nos chefes ou inimigos e sim nos dois enormes castelos que devem ser percorridos e explorados. Jogadores que não possuam muita experiência em games de exploração podem ficar perdidos quando precisarem procurar por itens para acessar certas áreas do castelo, que possui muitos segredos (os segredos do Pentagono são fichinhas se comparados com os do SOTN) e que você provavelmente não vai descobrir jogando uma única vez. Ah sim, o jogo possui 4 finais diferentes, o que vai valer muitas noites em claro para vê-las.

Chegando ao segundo castelo, que é invertido, você terá muito mais chefes, muito mais itens (os mais poderosos se encontram aqui) e várias áreas novas para explorar. Além de Alucard, você poderá jogar com Richter (depois que terminar o game uma vez), que tem uma história diferente e o sistema de jogo se assemelha e muito aos Castlevanias anteriores, deixando os elementos de RPG de lado.
Ah sim, Alucard pode ainda se transformar em morcego, lobo e neblina, todos essenciais para que se consiga avançar no jogo, tendo que usar cada um em determinadas partes do jogo, onde forem necessárias e para uma exploração melhor do castelo.
Uma pequena curiosidade que pode interessar aos fãs de J-Rock: a famosa banda japonesa de rock Malice Mizer possui uma música chamada

Gekka no Yasokyoku
, e no video cilpe dessa música, o ex-cantor da banda Gackt, aparece vestido como Alucard. Além disso parece que no Japão foi lançado um mangá oficial de SOTN, que é fiel à história e possui desenhos maravilhosos.
Conclusão: Em uma era em que os gráficos 3D reinavam supremos e os 2D eram ignorados pelas maioria das softhouses, a Konami correu um grande risco escolhendo o estilo 2D para seu então novo Castlevania. Mas ela acertou em cheio e ganhou a aprovação de todos os gamers do mundo, e Castlevania SOTN é obrigatório para qualquer pessoa que goste de games. Quando foi lançado conquistou uma legião de fãs em todo o mundo com o seu enredo maravilhosamente envolvente, com a profundidade histórica e psicológica dos personagens e os gráficos e músicas maravilhosos, juntamente com uma jogabilidade perfeita. Elogios é o que não faltam a esse game. Se você nunca jogou SOTN, certamente o melhor jogo de plataforma 2D já lançado, não sabe o que está perdendo.
Nome: Castlevania – Symphony of the Night
Sistema: PlayStation
Desenvolvedora: Konami
Ano de Lançamento: 1997
Nota da análise: 10/10
+ Mistura RPG com ação de forma brilhante
+ Uso do estilo 2D, músicas e gráficos sensacionais
- O jogo é perfeito, não possui nenhum contra

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